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segunda-feira, 7 de maio de 2018

O que se busca em psicoterapia?

Por Pammella Carvalho


Há diversos tipos de psicoterapia, a depender da abordagem teórica que o psicólogo irá seguir. Hoje falarei sobre o que buscamos na psicoterapia nas abordagens humanistas fenomenológicas, área na qual trabalho.

Um dos objetivos principais é a conscientização daquilo que está impedindo o crescimento da pessoa, quais bloqueios estão obstruindo o movimento de mudança. Nosso foco é fazer com que a pessoa deixe de repetir formas mortas de ser e agir, para ter uma vida mais fluida, criativa, explorando todos os seus potenciais.

Um outro aspecto que buscamos desenvolver é o auto apoio. A pessoa deixa gradativamente de depender da opinião, da aceitação e da aprovação dos outros, para confiar mais no seu organismo e agir de modo a não negar seus sentimentos, percepções, intuições etc, quando mais o sentimento e o agir estiverem em sintonia, melhor funcionamento terá essa pessoa.

Além disso, a psicoterapia favorece o desaparecimento de sintomas que perturbam a vida da pessoa, através da busca de ajustamentos mais criativos para as situações que ela vivencia. Ajustamentos criativos são a capacidade que cada um de nós tem de encontrar maneiras de lidar com as situações existentes. Quanto mais fluidez no contato consigo, com o outro e com o mundo, mais ajustamentos criativos poderão ser feitos. Quando há rigidez nesse contato, os ajustamentos podem tornar-se disfuncionais e prejudiciais ao desenvolvimento do ser.

A psicoterapia não é só para quem se percebe adoecido psiquicamente, é pra você, é pra qualquer um que queira encontrar sua melhor forma.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Aprendizado da impotência

Por Pammella Carvalho

Você já ouviu falar no aprendizado da impotência? Talvez não.
Mas, com certeza, já se deparou com situações decorrentes desse aprendizado na sua vida. Quer ver?
Conhece uma mulher que é violentada pelo companheiro, fisicamente ou psicologicamente, há muitos anos e ainda assim permanece com ele?
Conhece mulheres que trabalham em lugares extremamente hostis, no qual são humilhadas, e ainda assim não mudam de emprego?
Talvez essas mulheres tenham aprendido a impotência.
Na década de 1960, alguns cientistas, dentre eles Martin Seligman, realizaram experiências com animais a fim de descobrir algo a respeito do instinto de fuga nos humanos.
Resumindo, essas experiências consistiam em aplicar choques em cães presos numa jaula. A princípio, eles tentavam se livrar dos choques, iam de uma lado a outro, entravam em pânico, mas, depois de um certo tempo, perceberam que não importava a forma que tentassem se livrar dos choques, eles continuavam.
Os cães, então, desistiram, deitaram no chão e aceitaram os choques, sem tentar fugir ou lutar.
Quando a jaula foi aberta, os cientistas esperavam que os cães saíssem correndo. Todos nós, na verdade, diríamos que isso ia acontecer, logicamente. Mas não, os cães não fugiam!
A partir dessa experiência, os cientistas levantaram a hipótese de que quando um animal, ou um ser humano, é exposto à violência contínua e constante, ele apresentará a tendência a se adaptar a essa perturbação de tal forma, que mesmo quando ele tem a oportunidade de se ver livre da violência, o instinto saudável de fuga ou luta está extremamente reduzido, e em vez de escapar, a pessoa fica paralisada.
Ocorre o que chamamos de trivialização da violência. Nós nos adaptamos à violência perpetrada contra nós. E essa adaptação traz sérios danos a nossa alma, a nossa natureza selvagem, a nossa vida criativa, emocional e física.
Fazemos de conta que está tudo bem, enquanto vivemos vidas áridas e cheias de sofrimento. Acreditando que" não é tão ruim assim", ou que "um dia ele vai mudar".
Mas, nem tudo está perdido, é possível sim recuperar esse instinto perdido e começar a consertar o que está errado na sua vida, voltar a ter uma vida plena e cheia de significado. Um desses caminhos é a relação terapêutica desenvolvida num ambiente empático, de respeito e confiança nas potencialidades da pessoa.
Da próxima vez que estiver em contato com mulheres que vivem sob o aprendizado da impotência, não julgue. Seja solidária, acolha.
E se você for essa mulher, permita-se rejeitar essa trivialização e ressignificar as experiências violentas. Há esperança para cada uma de vocês...

Um profissional de psicologia pode facilitar esse processo de mudança e retorno a uma vida saudável, livre de violência.

Créditos especiais a Clarissa Estés, autora do livro Mulheres que correm com os lobos, de quem copiei algumas ideias compartilhadas com vocês nesse texto.
Créditos da imagem: https://medium.com/tulis-aja/mono-no-aware-e6575551b5c8

quarta-feira, 28 de março de 2018

Bendita TPM

Por Pammella Carvalho

Quem de nós nunca teve uma TPM? Um período pré menstruação que nos deixou "loucas", "acabadas"?! Acho que toda mulher passa por momentos assim. Mas será mesmo que temos que aceitar e conviver com esses sintomas mês após mês?
A medicina tem uma explicação para a tensão pré menstrual: a principal causa é a alteração hormonal feminina durante o período menstrual, que interfere no sistema nervoso central. Aí essas alterações podem causar, além de sintomas físicos, sintomas emocionais como depressão, vontade de chorar, irritabilidade, ansiedade, e a lista continua...
Ok. Você pode contentar-se com essa explicação e continuar vivendo automaticamente esse período do seu ciclo.
Mas deixa eu te contar uma coisa.
O feminino é muito mais que um corpo biológico. O ciclo menstrual da mulher diz muito a respeito da natureza instintiva do feminino, e se soubermos estar atentas, essa mulher selvagem fala (grita!) sobre como estamos lá dentro, na nossa alma.
Sabe o que acontece nesse período que antecede a mestruação? O que acontece na Tpm? É o período em que nossa natureza pede pra que nos tornemos mais introspectivas e mais voltadas para nós mesmas.
E tudo aquilo que estava ali guardado durante os outros períodos vêm a tona. A nossa sombra aparece. Como assim, sombra?
Sombra não é nada disso que você tá pensando (defeitos, parte ruim, má). Não, não. Sombra diz respeito aquilo que negamos em nós mesmas e "empuramos" lá pro inconsciente.
Aí na Tpm parece que uma lupa é colocada sobre todas essas coisas que negamos, omitimos, colocamos máscaras, fingimos.
O período pré-menstrual é o momento perfeito pra que a gente olhe pra o que estamos sentindo e percebamos o que não está como gostaríamos que estivesse, o que tem nos feito mal, nossas limitações, nossas relações e empreendimentos.
Mas aí, o que é que geralmente a gente diz: "não vou tomar nenhuma decisão durante a Tpm poque meus hormônios estão a flor da pele", "não vou me orientar por esses sentimentos sombrios que aparecem quando estou de Tpm".
E perdemos uma grande oportunidade de avaliar nossa vida e perceber como realmente estamos.
Da próxima vez que você estiver na Tpm, pare um pouco, volte-se para si, evite as opiniões dos outros, e se permita ouvir sua alma, seu feminino selvagem. Permita que o que precisa morrer, morra, com a simbologia da menstruação. Para que coisas novas, mais saudáveis e mais bonitas apareçam!


Créditos da imagem: https://www.suru.lt/the-mercy-seat/